Animais Autóctones

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sábado, 23 de abril de 2011

Espécie Animal Autóctone da Semana

Açor (Accipiter gentilis)
O açor é uma ave de rapina da família Accipitridae, distribuída por todas as regiões temperadas do hemisfério norte. É uma ave de rapina diurna, com um comprimento de aproximadamente 50 cm, cor preta e ventre branco com manchas pretas; asas e bico pretos, cauda cinzenta, manchada de branco e pernas amareladas.

Classificação
VULNERÁVEL - População reduzida (inferior a 1.000 indivíduos maturos).




Distribuição
A área de distribuição desta espécie é muito vasta, estendendo-se de um modo contínuo por grande parte do Holárctico. O açor distribui-se por uma área bastante grande em Portugal continental. No Centro e Norte do país a distribuição do açor é mais contínua e tem uma população mais densa. A espécie também existe em largas áreas do Sul (Alentejo e serras algarvias), embora a sua presença aqui seja bastante mais dispersa, bem como a sua densidade, encontrando-se ausente nalgumas regiões.

População
Tal como para grande parte das aves de rapina florestais do país, nunca se fez um censo específico e completo para esta espécie a nível nacional, com base em amostragem e metodologia apropriadas. A única estimativa existente aponta para uma população de 200-300 casais, que se pensa estar em declínio, devido à destruição e escassez crescente do seu habitat preferido, os pinhais bravos de alto-fuste. Atendendo à grande perda de pinhal que se tem verificado nos últimos anos devido aos incêndios florestais e que em 2003 tiveram uma incidência particularmente grave, é provável que uma parte não desprezável da população tenha sido directamente afectada. Em termos de estatuto de ameaça a nível da Europa, a espécie é considerada Não Ameaçada, embora se apresente em declínio em alguns países europeus.



Habitat
No sul de Portugal o açor encontra-se quase sempre nos barrancos arborizados de cursos de água, mas nalgumas zonas, como na Comporta, cria também em pinhal-bravo e terrenos planos. No centro e norte do país o principal habitat de nidificação do açor é composto por pinhais-bravos adultos e possuidores de árvores de grande porte, por bosques e bosquetes de folhosas autóctones (carvalhais maduros) e, por vezes, em eucaliptais. Circundantes às formações arbóreas onde nidifica, encontram-se terrenos abertos de mato, culturas agrícolas e pastagens, onde tende a caçar perto das orlas. Evita as paisagens demasiado compartimentadas ou demasiado contínuas, mas em áreas predominantemente florestais, como a região de Mira ou o Pinhal de Leiria (onde a cobertura pinhal é superior a 85%), quantificaram-se ainda assim densidades de açor da ordem dos 4-5 casais e 2-3 casais por 100 km2. Os incêndios florestais, mas também a sua reconversão para eucaliptal de curtas rotações, têm provocado um declínio acentuado do habitat principal do açor, o pinhal-bravo, em particular aquele constituído por arvoredo mais maduro, com 40-50 anos. De acordo com as revisões do inventário florestal, a área de pinheiro-bravo declinou, entre 1964 e 1995, em 323.000 ha. Este declínio em área tem continuado, sendo de realçar os 260.000 hectares de matas que terão sido destruídos em 2003, ano em que a área ardida foi 4 vezes superior à média anual verificada entre 1980 e 2004.


Predação
 Esta ave caça outras aves menores e pequenos mamíferos confiando no efeito surpresa, aproveitando posições elevadas para o efeito. São predadores oportunistas e as suas principais presas são esquilos, galináceos, piciformes, como pica-paus, e pássaros.

Factores de Ameaça
Os incêndios florestais que destroem áreas mais ou menos vastas de pinhal e outro arvoredo maduro são a principal ameaça para o açor em Portugal. A par com este factor de destruição, a reconversão para eucaliptal de curta rotação das antigas manchas de pinhal das serras da região Centro limita grandemente a adequação do habitat para efeitos de nidificação. Com efeito, salvo alguns exemplares de grande porte, a maioria dos eucaliptos e em particular os das plantações florestais, devido ao tipo de inserção e à fragilidade dos seus ramos, não providenciam as melhores condições para o suporte de ninhos de grandes dimensões e aqueles que neles são construídos caem com alguma facilidade aquando de ventos mais fortes. O corte de povoamentos ou árvores onde a espécie nidifica, a perseguição através do abate directo, destruição de ninhos e o roubo de crias são outros factores que afectam a população portuguesa. Por se tratar de um predador essencialmente ornitófago, o açor é uma espécie potencialmente sensível aos efeitos dos pesticidas e metais pesados, que poderão afectar o sucesso reprodutivo. Por outro lado, sendo os pombos uma presa muito frequente na sua dieta, como acontece na região de Mira, é provável que se verifique alguma morbilidade e mortalidade em resultado de Tricomoníase e Candidíase. Por exemplo, na região de Mira, foram detectados juvenis no ninho infectados com Tricomoníase.



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