Animais Autóctones

Animais Autóctones

Animal Apadrinhado: Águia-Cobreira

Animal Apadrinhado por Daniel Pinhel

 

Águia-Cobreira


Circaetus gallicus


Identificação

Águia de grande dimensão, de cabeça notoriamente grande (nem sempre perceptível em voo) e algo desproporcionada com o resto do corpo. Partes inferiores muito pálidas, abdómen quase branco com barras grosseiras, contrastando com o peito e a cabeça de coloração cinzenta acastanhada. Cauda com três listras equidistantes.

Comportamentos
As Águia-cobreira não têm medo de víboras ou de outros répteis venenosos, apesar de não ser imune às suas mordeduras. Consegue matar a sua presa sem prejuízo próprio. Engole-as pela cabeça, ficando por vezes a cauda dependurada no bico. As presas maiores são divididas em pedaços mais pequenos antes de serem consumidas.

Voo
Voo deslizante. Plana em círculos com as asas planas, peneira ou fica imóvel no ar através de pequenos ajustes nas asas.

Classificação
QUASE AMEAÇADA  
Espécie com população reduzida (que se admite poder ser inferior a 1.000 indivíduos maturos). Na adaptação à escala regional desceu uma categoria, por se admitir que a população em Portugal poderá ser alvo de imigração significativa das regiões vizinhas e por não ser de esperar que essa imigração possa vir a diminuir.

Distribuição
De distribuição predominante Paleárctica, a águia-cobreira ocorre como nidificante no Noroeste de África, nos países mediterrânicos e no Leste da Europa, e estende-se ainda pela Rússia europeia, Iraque, Irão, Cazaquistão até à Mongólia, Índia. Grande parte destas populações migram para a África tropical, numa faixa desde o Senegal até ao Sudão e Etiópia, mas as orientais invernam no subcontinente indiano, cuja população é residente, tal como as das ilhas Sonda.
Em Portugal, distribui-se por uma grande parte do território nacional. Ocorre de modo mais contínuo no Algarve (nas serras), Alentejo, Ribatejo, Beiras interiores e, mais irregularmente, em Trás-os-Montes, Minho, Beira Litoral e Estremadura. A comparação entre os atlas nacionais, sugere que a sua área de distribuição esteja estável, ou em ligeira expansão, nomeadamente no Noroeste do país e, possivelmente, na Beira Litoral.

População
As populações mais importantes estarão localizadas no Alto Alentejo e nas serras algarvias e alentejanas, em montados de sobro e sobreirais de Quercus suber, onde se atingem densidades da ordem dos 2,6-5 casais/100 km2 e 3,3 casais/100 km2). De acordo com as estimativas que têm sido feitas para a espécie, a sua população nacional estará compreendida entre 250 e 600 casais.
A nível europeu a espécie é considerada como Rara, provisoriamente, apresentando provavelmente um ligeiro declínio. Em Espanha tem o estatuto de Pouco Preocupante e, embora se desconheçam as tendências recentes da espécie nesse país, a sua área de distribuição está estável ou localmente em aumento. Admitiu-se assim um risco de extinção em Portugal mais reduzido, tendo-se descido uma categoria na adaptação regional.

Habitat
Frequenta habitats com agricultura tradicional e pastoreio extensivo, onde as presas são abundantes, como matas secas e abertas, habitats mediterrânicos rochosos, pastagens pedregosas, terra inculta ou áreas abertas com arvoredo e sebes. No Centro e Norte de Portugal ocorre predominantemente em áreas onde o coberto florestal forma manchas de maior dimensão, dando preferência ao pinhal (Pinus pinaster) para nidificar, tanto nas zonas planas das extensas matas nacionais litorais, como nas zonas serranas. No Baixo Alentejo a espécie aparece quase sempre associada a zonas húmidas, frequentando sobretudo caniçais, sapais, arrozais e lezírias.
Mesmo nas zonas bastante florestadas, a águia-cobreira necessita de áreas abertas para caçar as suas presas preferidas e quase exclusivas as serpentes, áreas estas que poderão distar vários quilómetros do local do ninho.
Nidifica em árvores altas, requerendo áreas de floresta alternadas com habitas abertos em planícies e montes; excepcionalmente também em rochas ou no solo.
No período de nidificação, as aves não reprodutoras (usualmente machos) descansam durante o dia e dormem de noite no topo ou em galhos baixos das árvores.

Alimentação
A Águia-cobreira alimenta-se quase exclusivamente de répteis, particularmente cobras e também lagartos.

Reprodução
A Águia-cobreira é solitária e territorial. Não é colonial mas, mesmo quando ocorre em pequeno número, os casais tendem juntarem-se numa mesma área para nidificar, deixando muito espaço favorável por ocupar. Se, no entanto, os ninhos se encontrarem pouco distantes uns dos outros (menos de 2 km de distância) um dos pares força o outro a abandonar o ninho. Espécie monogâmica. Ambos os progenitores cuidam e alimentam as crias que são nidícolas.

Ameaças
A redução da área de pinhal, devido a corte ou a fogos florestais e consequente reconversão devastas áreas para eucaliptal deve ser o factor de ameaça com maior relevância, devido à perda de habitat de nidificação e à redução das populações presa.
As podas severas em áreas extensas de montados e o corte e a rarefacção de pinheiros-bravos de grande porte são causa de degradação ou eliminação do substrato de nidificação, desestabilizando os casais e aumentando o insucesso reprodutor.
A intensificação da agricultura através de monoculturas, irrigação e constituição de densos cobertos forrageiros, ou a reconversão de olivais e pomares velhos resulta na redução do mosaico agrícola com decréscimo da diversidade de habitat e traduz-se em diminuição na disponibilidade alimentar.
A colisão e electrocussão em linhas aéreas de transporte de energia podem ser um factor de mortalidade importante.
O abate a tiro por caçadores/proprietários de explorações agro-pecuárias, nomeadamente durante a migração pós-nupcial.
A destruição e roubo de ninhos, nomeadamente durante as operações de descortiçamento ou de poda.
A destruição de sebes resulta em perda de habitat adequado para as populações presa.
O aumento da utilização de agro-químicos intervém directa e indirectamente nas populações de aves, aumentando a mortalidade e reduzindo a capacidade reprodutiva e diminuindo as populações presa.
A instalação de parques eólicos em corredores importantes para a migração e dispersão de aves pode constituir uma importante factor de mortalidade da espécie através da colisão nas pás dos aerogeradores. Os traçados eléctricos que estão associados aos parques eólicos constituem outro problema importante devido aos subsequentes riscos de colisão e electrocussão.


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CERVASCentro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagenshttp://cervas-aldeia.blogspot.com


O CERVAS - Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens de Gouveia, vem por este meio convida-lo para estar presente no dia 14 de Maio (Sábado), numa actividade que consiste na devolução à natureza de uma águia-cobreira (Circaetus gallicus) recuperada neste centro. Esta actividade vai decorrer às 11:30h junto ao Clube de Caça e Pesca de Folgosinho, em Folgosinho - Gouveia.


A devolução à natureza deste animal está inserida no programa de actividades do 3º Encontro de Veículos Clássicos de Gouveia - Serra da Estrela.


A devolução deste animal ao seu habitat vai ser num sítio adequado aos requisitos ecológicos desta espécie.
Esta acção está aberta ao público em geral e para além da devolução deste animal ao seu habitat, tem o objectivo de sensibilizar as populações para a importância destes animais e para o trabalho realizado pelos centros de recuperação de fauna selvagem.
Também pedimos, se possível, a divulgação desta acção de forma a estarem presentes o maior número de pessoas neste momento que representa o culminar do trabalho de diversas instituições e pessoas que estiveram envolvidas na recuperação deste animal.


Programa de actividade:
Esta actividade poderá sofrer alguns atrasos já que se encontra inserida no programa de actividades do 3º Encontro de Veículos Clássicos de Gouveia
Dia 14 de Maio, Sábado
11:30 - Devolução à natureza de uma águia-cobreira (Circaetus gallicus) - Freguesia de Folgosinho - Gouveia
Ponto de Encontro: Clube de Caça e Pesca de Folgosinho (antiga casa de guarda florestal em direcção aos viveiros de Folgosinho)
Esta ave é um animal juvenil e foi encontrada por um Vigilante da Natureza em Portalegre no Parque Natural da Serra de S. Mamede  e encaminhada para o CERVAS pela mesma pessoa. No momento do seu ingresso apresentava sinais de grande debilidade/desnutrição, não apresentando qualquer lesão. A sua recuperação passou por uma alimentação adequada para recuperar a boa condição física. Esta é uma espécie migratória e ingressou no CERVAS já na época de migração de Outono, pelo que teve que aguardar em recuperação no CERVAS até à Primavera, altura em que já se encontram em Portugal outros indivíduos da mesma espécie e existe uma maior disponibilidade alimentar. A sua devolução à natureza vai decorrer num local que reúne as condições necessárias para a ecologia da espécie.

Para qualquer informação e/ou para confirmação de presença nestas acções, agradecemos contacto através do e-mail cervas.pnse@gmail.com ou do telefone 962714492 (CERVAS).
Poderá também auxiliar na divulgação destas acções encaminhando este e-mail.

Agradecendo toda a atenção e disponibilidade,

Os melhores cumprimentos

Pela equipa do CERVAS
José Pereira
 

No passado dia 14 de Maio teve lugar o 3º Encontro de Veículos Clássicos de Gouveia - Serra da Estrela. Este evento organizado pela AssociaSão Julião - Serra a Fundo juntou cerca de 130 participantes distribuídos por aproximadamente 7 dezenas de carros clássicos e contou com a colaboração do CERVAS para a dinamização de algumas actividades. Esta devolução à natureza de uma águia-cobreira foi integrada no programa de actividades do evento, e foi uma surpresa para os participantes.
 Para introduzir a libertação os técnicos do CERVAS fizeram uma pequena apresentação sobre o trabalho realizado neste centro no âmbito da recuperação de fauna selvagem, abordando também a ecologia e biologia da águia-cobreira e o processo de recuperação deste animal em específico.

 
Esta ave foi encontrada por um Vigilante da Natureza em Portalegre no Parque Natural da Serra de S. Mamede e encaminhada para o CERVAS pela mesma pessoa. No momento do seu ingresso apresentava sinais de grande debilidade/desnutrição, não apresentando qualquer lesão. A sua recuperação passou por uma alimentação adequada para recuperar a boa condição física, e em treinos de voo e caça.
 
Esta é uma espécie migratória e ingressou no CERVAS em 2010 já na época de migração de Outono, pelo que teve que aguardar em recuperação nas instalações do centro até à Primavera, altura em que já se encontram em Portugal outros indivíduos da mesma espécie e existe uma maior disponibilidade alimentar. A sua devolução à natureza decorreu num local que reúne as condições necessárias para a ecologia da espécie.
No momento de devolução à natureza desta ave estiveram presentes cerca de 150 pessoas, entre as quais a organização e os participantes do evento, alguns particulares, o Srº Presidente da Junta de Folgosinho, entre outros. Os participante baptizaram a ave de "Serr'aFundo" como forma simbólica de agradecimento pela boa organização deste evento.
No final do dia os participantes do evento ainda tiveram a oportunidade de fazer uma visita às instalações do CERVAS, onde puderam perceber a finalidade das diferentes estruturas de recuperação lá existentes. Os técnicos do CERVAS ainda fizeram uma pequena demonstração do Kit de Educação Ambiental, recorrendo a crânios, penas e outro material biológico para falar de algumas características destes animais selvagens, que tanto deslumbram o Homem.
Desde já deixamos um agradecimento à organização do evento que durante a actividade tirou uma foto do grupo que foi impressa no sentido de vender aos participantes por uma quantia simbólica, e em que parte do dinheiro reverteu para o CERVAS.