Animais Autóctones

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domingo, 16 de janeiro de 2011

Os fiéis guardadores de rebanhos - Notícias Magazine

por Ana Fonseca. Fotografia J. P. Ferreira



Os cães de gado oferecidos pelo grupo lobo aos pastores têm diminuído os prejuízos provocados pelos ataques dos lobos aos rebanhos. O projecto trouxe mais paz às pastagens e tem alterado o comportamento do homem face ao predador.
O sol já vai alto lá para as bandas do nariz do mundo, Minho, quando o pastor se aproxima da corte onde o rebanho de cabras pernoita. Lá dentro é grande a agitação, os animais começam a balir e os seus dois fiéis companheiros a ladrar. Mas, ao contrário do que imagina quem não está habituado a estes episódios do mundo rural, logo que Luís Calçada abre as cancelas de madeira, as cabras saem de forma ordenada, dirigindo-se em fila para o local onde irão passar o dia, a pastar.
Indiferentes aos forasteiros, dois imponentes cães castro-laboreiro assumem as suas posições estratégicas cumprindo assim a missão para a qual foram criados. Atentos a qualquer movimento, vulto ou cheiro, o Pastor e o Tigre não hesitarão em tomar uma atitude em defesa da família que desde cedo os abraçou. O Pastor tinha cerca de 3 meses de idade quando foi acolhido pelo rebanho e o tigre já lá nasceu. Ambos são os quatro olhos vigilantes e os dois corpos possantes que fazem frente a qualquer foco de ameaça, mais precisamente aos lobos que por ali procuram alimento e que, apenas num ano, mataram trinta cabras a luís calçada.
«Estes cães são um luxo», diz, ao olhar com orgulho para os seus dois incansáveis ajudantes. «Desde que os tenho só perdi duas cabras», acrescenta o pastor da aldeia do formigueiro, Celorico de Basto, e um dos contemplados pelo projecto desenvolvido pelo grupo lobo, associação não-governamental e sem fins lucrativos, criada em 1985 para trabalhar a favor da conservação e defesa do lobo-ibérico.
A ideia foi a de recuperar práticas tradicionais, entregando aos pastores cães especialmente vocacionados para a guarda de gado, evitando assim os ataques dos lobos e, simultaneamente, atenuando a agressividade dos pastores em relação a esses predadores, explica Sílvia Ribeiro, bióloga, com mestrado em comportamento animal e membro do grupo lobo.

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