Gato-bravo
(Felis silvestris)
Características
O gato-bravo (Felis silvestris) é um carnívoro de médio porte pertencente à Família dos Felídeos e é mais robusto e de feições mais rudes que o gato doméstico. A sua pelagem densa apresenta uma coloração variável, podendo ser cinzenta, castanho clara ou, mais raramente, melânica (negra ou quase). Tem umas riscas negras características nos flancos e extremidades e, ao contrário do gato doméstico listado ou malhado, não tem pintas no corpo. A sua cauda é grossa, peluda e relativamente curta, com 3 a 5 anéis largos e negros, sendo a extremidade arredondada e também negra. A cabeça é arredondada e volumosa, com focinho curto e mandíbulas robustas. As orelhas são curtas e arredondadas, os olhos são grandes e geralmente verdes. As patas são curtas e estão dotadas de poderosa musculatura e grande flexibilidade.
O corpo varia entre os 52 e 65 cm de comprimento nos machos e entre 48.5 e 57 cm nas fêmeas. O comprimento da cauda varia entre 25 e 34.5 cm. Os machos pesam em média 5 Kg e as fêmeas 3.5 Kg, não ultrapassando os primeiros 7.7 Kg e as segundas 4.95 Kg. Têm variações sazonais no seu peso, que podem ser de 2.5 Kg nos machos e 2.15 kg nas fêmeas.
Habitat
De um modo geral o seu habitat preferencial é o bosque caducifólio. Estudos efectuados sobre a selecção do habitat, inclusivamente em Portugal, revelaram que o gato-bravo tem preferência por bosques associados às linhas de água assim como por pinhais, que parecem ser bons locais de repouso.
Durante o dia refugia-se em buracos de árvores, fendas nas rochas e em tocas abandonadas de texugo, raposa ou coelho. Durante os meses quentes de Verão pode permanecer ao ar livre, procurando o fresco e o refúgio que a floresta lhe oferece.
Alimentação
O gato-bravo é um predador oligófago, dependendo a sua alimentação não de um espectro limitado de presas mas sim da região em que se encontra. A base da sua dieta é constituída por pequenos roedores. Consome também lagomorfos (lebre e coelho), aves e com menor frequência anfíbios e répteis. Esporadicamente pode consumir peixes e também insectos.
Confia nos seus reflexos e agilidade para surpreender as presas e prefere caçar em terrenos abertos do que em floresta densa. Um gato-bravo adulto consome em média 400 a 500 g de alimento por dia.
Reprodução
Entra no cio entre Janeiro e Março, dependendo da localização geográfica, e os acasalamentos ocorrem no final do Inverno e na Primavera. Pensa-se que os machos mais competitivos copulam com várias fêmeas na mesma época reprodutora. Dois terços dos nascimentos verificam-se do meio de Março até ao final de Abril, sendo a gestação de 63 a 68 dias. Tem uma ninhada por ano, da qual em média nascem entre 3 e 4 crias. O aleitamento verifica-se até ás 6-7 semanas, mas as crias podem mamar esporadicamente até ao quarto mês. Nesta altura começam aos poucos a ganhar independência e passado pouco tempo procuram um novo território.
As fêmeas são sexualmente maturas entre os 9 e 10 meses e os machos com 1 ano de idade. Em liberdade pode viver até aos 11 anos.
Movimentos
É principalmente crepuscular e nocturno, tendo os olhos perfeitamente adaptados para ver na escuridão e um sentido de audição muito desenvolvido. É solitário, sendo feroz e intransigente frente a outros congéneres quando se trata de defender o seu território e só se mostra social no período nupcial. As fêmeas são mais territoriais e combativas, especialmente durante a época de criação. Os machos são nómadas e sobrepõem os seus movimentos ás áreas vitais de várias fêmeas. Durante a época de reprodução restringem-se a uma área vital na floresta. Os territórios de gato bravo variam entre 0.6 e 3.5 Km2, mas em Portugal, os estudos efectuados apontam para territórios maiores (entre 10 e 12 Km2).
Factores de ameaça
A hibridação com o gato doméstico é considerada como um dos maiores factores de ameaça para esta espécie em grande parte dos países europeus. Outros factores de ameaça importantes são: a fragmentação das populações devido à construção de vias rodoviárias, ao desenvolvimento de culturas intensivas e à desflorestação; a destruição do habitat devido principalmente aos incêndios e ao recurso à silvicultura monoespecífica; o controlo de predadores e a escassez de informação biológica e ecológica existente sobre esta espécie no nosso país.
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