Animais Autóctones

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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Espécie Animal Autóctone da Semana

Salamandra-lusitânica

A salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica) é um anfíbio pertencente à ordem Caudata, endémico do noroeste da Península Ibérica. A sua cauda pode atingir dois terços do comprimento do corpo. Se atacadas, estas salamandras podem soltar a cauda por autotomia, regenerando-a posteriormente.


Descrição
Possui um corpo estreito e cilíndrico, raramente ultrapassando os 16 cm de comprimento. Tem uma cauda longa, que nos adultos pode atingir dois terços do comprimento total do animal. Os olhos são protuberantes. As patas dianteiras têm quatro dedos e as traseiras cinco. A sua cor básica é o preto e têm duas listas dorsais de cor dourada ao longo do corpo, que se unem, na cauda. A superfície dorsal pode ter pequenos ponteados azulados. O ventre é cinzento. Quando se sente ameaçada tem a possibilidade de soltar a cauda, que é posteriormente regenerada. É o único salamandrídeo ibérico com essa capacidade.  

Classificação:  VULNERÁVEL
Fundamentação: Espécie com área de ocupação inferior a 1.000 km2, admitindo-se que apresente fragmentação elevada e declínio continuado da área de ocupação, da qualidade dos habitats, do número de localizações e do número de indivíduos maduros.

Distribuição
Espécie endémica da Península Ibérica, com distribuição restrita à região nor-ocidental. Em Portugal ocorre em todo o Noroeste, apresentando como limite sul o rio Tejo. A distribuição da espécie em Portugal corresponde a cerca de 50% da sua distribuição global

 População
Calcula-se que o número total de indivíduos maduros se situe acima dos 10.000, uma vez que, nos locais onde ocorre, esta espécie é em geral abundante. A espécie encontra-se severamente fragmentada em zonas densamente povoadas, que constituem uma parte substancial da sua área de distribuição, dado o elevado nível de poluição da maior parte dos cursos de água e de destruição dos seus habitats. No entanto, em zonas com pouca perturbação humana, caso por exemplo das Serras do Gerês, Montemuro, Caramulo, Arada e Lousã, ainda ocorrem núcleos populacionais com bons efectivos.

Habitat
Ocorre principalmente em zonas montanhosas, junto a ribeiros de água corrente com vegetação abundante nas margens e atmosfera saturada de humidade. Este anfíbio não possui pulmões funcionais, respirando sobretudo através da pele, o que contribui significativamente para as suas elevadas exigências ecológicas em termos de saturação de humidade do ar. De uma maneira geral, os biótopos circundantes são constituídos por bosques caducifólios ou lameiros, podendo também ocorrer noutros biótopos tais como campos agrícolas.

Alimentação

A alimentação dos adultos é constituída por insectos, aracnídeos e moluscos de pequenas dimensões. As larvas alimentam-se essencialmente de pequenos insectos aquáticos, moluscos e crustáceos.
                                                       

Predadores Naturais
Os adultos de salamandra-lusitânica podem ser predados por cobras-de-água, víboras, lontras, grandes sapos (Bufo bufo) e salamandras (Salamandra salamandra). As larvas desta espécie podem ser capturadas por cobras-de-água, escaravelhos aquáticos e larvas de libélula.


Reprodução

A época de reprodução pode variar consoante a região em que se encontra, mas em Portugal parece ocorrer no período compreendido entre Maio a Novembro.
O acasalamento ocorre após um complexo comportamento de cortejamento em terra ou em águas pouco profundas. Após o amplexo com o macho, a fêmea deposita entre 12 a 20 ovos num local húmido e protegido, geralmente em pequenas concavidades naturais nas margens dos cursos de água, debaixo de pedras ligeiramente submersas ou nas paredes de minas e galerias próximas de linhas de água. A eclosão ocorre seis a nove semanas após a postura.


Actividade
É uma espécie de hábitos nocturnos, no entanto pode apresentar actividade diurna e crepuscular em dias nublados ou chuvosos. A salamandra-lusitânica suspende a actividade durante o Verão, devido às elevadas temperaturas e baixa humidade do ar, e durante os meses de Inverno, devido às baixas temperaturas.
                                                                      
    
Factores de Ameaça
A perda, fragmentação e degradação do habitat por acção do Homem são consideradas as maiores ameaças para esta espécie, sobretudo devido:
- à poluiçãodos cursos de água por efluentes industriais, domésticos e agrícolas;
- à destruiçãodos habitats circundantes dos rios e ribeiros, em particular a vegetação ribeirinha;
- à agricultura intensiva;
- à substituição das florestas caducifólias por florestas espécies não indígenas
- à urbanização desordenada.
Para além destes factores, a salamandra-lusitânica apresenta uma capacidade de dispersão limitada, o que a torna particularmente sensível a quaisquer alterações dos seus habitats.

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