Animais Autóctones

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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Espécie Animal Autóctone da Semana

Víbora-cornuda
Vipera latastei  



É um animal difícil de encontrar, a não ser por mero acaso, pelo que, quando isso acontece, o registo visual é muito próximo, o que torna a situação pouco agradável. Não pelo seu tamanho, que é de cerca de 80 cm, mas sobretudo por ser venenosa.
A sua cabeça, como acontece com as restantes víboras, tem uma forma triangular característica. A sua cor é cinzento azulado, possuindo no dorso uma mancha mais escura, em zig-zag, ao longo de todo o corpo.


Classificação

VULNERÁVEL  .  VU 
 Espécie com área de ocupação inferior a 2.000 km2. Apresenta fragmentação elevada e um declínio continuado da sua extensão de ocorrência, área de ocupação, da qualidade dos habitats, do número de localizações e do número de indivíduos maduros.


Distribuição

Em Portugal, distribui-se por todo o território, em núcleos populacionais fragmentados, desde o nível do mar até aos 1.500 m, nas Serras da Estrela e do Gerês. A grande maioria das observações desta víbora provém das zonas montanhosas a norte do rio Tejo (serras do Gerês, Alvão, Montesinho e Estrela). A sul do rio Tejo e nas áreas de maior pressão humana, ocorre em populações isoladas de pequenas dimensões (S.  Mamede,  Contenda  e  Aljezur).


População

A  víbora-cornuda  é  considerada,  desde    20  anos,  como  uma  espécie  com efectivos populacionais escassos em toda a sua área de distribuição na Península Ibérica. Vários  autores  detectaram  um  declínio nos  efectivos  populacionais  ibéricos  da espécie  em  áreas  onde  era  frequente, particularmente  nas  zonas  com  elevada  utilização  humana  do  litoral  atlântico  e mediterrânico.




Habitat

Esta espécie encontra-se em zonas rochosas de montanha, preferindo as encostas declivosas  com  matos  densos. Também ocorre em áreas florestais com cobertura arbustiva. Nas zonas mais baixas e litorais ocorre em matagais, pinhais arenosos e sistemas dunares.



Factores de Ameaça

O principal factor de ameaça é a perda, fragmentação e degradação do habitat por  acção  antropogénica  devido fundamentalmente a: 
- incêndios  florestais;
- silvicultura intensiva;
- aproveitamento dos solos para fins agrícolas;
- desenvolvimento urbano e implantação de infra-estruturas viárias.

Constituem também factores de ameaça, com efeitos consideráveis, a mortalidade por  atropelamento  nas  estradas  e a  perseguição  directa  em  virtude  de  aversão.

Um  outro  factor  de  ameaça  é  a  captura  de  exemplares  para  comércio  ilegal  e coleccionismo. De acordo com vários inquéritos a habitantes do Parque Nacional da Peneda-Gerês, esta espécie é frequentemente capturada e as suas cabeças comercializadas sob a forma de amuletos e como medicamentos. Esta crença existe pelo menos desde a Idade Média e os relatos mais antigos de comércio datam da década de 30 do século passado. Nos anos 70 e 80 vendiam-se em média cerca de 500 víboras por ano no Gerês. Actualmente, com o aumento da fiscalização, o comércio diminuiu mas não desapareceu totalmente, sendo hoje feito de forma clandestina, estimando-se que sejam  comercializadas  entre  50  a  100  víboras  por  ano,  apenas  nas  Caldas  do Gerês. O comércio de cabeças de víbora não está, no entanto, limitado à serra do Gerês,  ocorrendo  também  em  algumas  serras  do  Norte  e  Centro  de  Portugal (Marão,  Montemuro,  Estrela,  Caramulo,  Aire  e  Candeeiros). Algumas características biológicas, tais como áreas vitais de pequenas dimensões, elevada especialização ecológica na dieta e na utilização dos habitats, reduzida frequência de reprodução, taxa de crescimento reduzida e maturação sexual tardia, contribuem para a sua vulnerabilidade  a  factores  de  ameaça.


Medidas de Conservação

As  medidas  de  conservação  devem  incidir  na  manutenção  dos  seus  habitats, sendo considerado particularmente importante:
- empreender acções mais eficazes na prevenção dos incêndios florestais;
- conservar as sebes e muros de pedra que delimitam os lameiros e terrenos agrícolas e conservar as áreas florestais autóctones, incentivando o corte equilibrado de madeiras nas florestas, dado esta prática levar à criação de locais propícios para a termorregulação destes animais e constituir ainda uma medida de prevenção dos incêndios florestais. São ainda necessárias iniciativas de educação a nível escolar, bem como campanhas de sensibilização do público, no sentido de desmistificar as superstições que a  envolvem.  São  necessárias  também  acções  de  investigação dirigidas  para  a determinação mais rigorosa da área de distribuição e de efectivos populacionais, principalmente nas regiões litorais e a sul do rio Tejo.

1 comentário:

  1. The first picture of Vipera latastei is from Frank Deschandol ( www.deschandol-sabine.com )
    Gracias

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Biodiversidade