Lusa
Um projecto europeu, que abrange Portugal, está a recolher dados sobre a situação das aves marinhas no Atlântico para elaborar mapas de distribuição e definir áreas protegidas, permitindo avaliar impactos da actividade humana, como pesca ou instalação de unidades de energia.
O objectivo do projecto FAME (Future of the Atlantic Marine Environment - futuro do ambiente marinho atlântico, em português), que decorre até final de 2012, é “identificar as áreas importantes para as aves do mar e promover a sua designação como áreas marinhas protegidas no âmbito da rede Natura 2000”, disse à agência Lusa a coordenadora do programa em Portugal, Joana Andrade.
“Pretendemos também abordar algumas áreas como o impacto de algumas actividades humanas nas populações de aves marinhas, como a pesca e a implementação de energias renováveis marinhas, como a energia das ondas e a eólica off-shore”, especificou a especialista da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea).
Nos primeiros meses do projecto, com a duração de três anos, foram efectuados censos das aves marinhas, tanto em embarcações, como na costa e através de observação aérea. Joana Andrade deu os exemplos da monitorização das colónias reprodutoras do arquipélago das Berlengas e o seguimento de aves através da colocação de aparelhos electrónicos, sobretudo com cagarras, estando marcadas 95 aves.
Já nos censos marinhos, foram recolhidos dados ao longo de cerca de 12 mil quilómetros da costa continental, e nos censos costeiros realizaram-se contagens todos os meses em cerca de 13 pontos.
No trabalho com as pescas foram efectuados 150 inquéritos a pescadores, em 12 dos principais portos do país para “tentar avaliar qual o possível impacto das capturas acidentais em algumas espécies de aves marinhas e para tentar relacionar isso com o tipo de arte utilizada”, como redes de emalhar, palangre e cerco, referiu Joana Andrade. São igualmente realizadas monitorizações a bordo de barcos de pesca, com observadores que acompanham os pescadores e analisam as interacções com as aves.
No segundo semestre, será desenhado um mapa de risco para a biodiversidade assinalando quais as áreas com maior valor em termos de biodiversidade, por existirem espécies mais ameaçadas, e cruzar essa informação com as áreas que têm potencial para a instalação de unidades de energia das ondas e eólica off-shore, para saber as zonas a evitar.
Se a energia eólica e de aproveitamento das ondas avançarem sem ter em conta algumas normas “poderá ter consequências muito graves para a fauna marinha”, salientou a coordenadora nacional do FAME.
Irlanda, Reino Unido, França, Espanha e Portugal são os países que se juntaram no FAME. Em Portugal, além da Spea, representante da BIRD LIFE neste projecto, a parceria envolve a Universidade do Minho, com experiência na área das pescas, o Centro da Energia das Ondas, relacionado com as energias marinhas, a Sociedade Portuguesa para a Vida Selvagem e a Martifer.
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